Eis que se depara com uma mulher de saia comprida, chapéu pontiagudo e varinha na mão, mágica mas não por triturar legumes, pois não era para fazer sopa que servia.
Pai Natal, de voz enrouquecida pelo cansado, grita baixinho: “Que susto me pregastes, Fada Madrinha! Que fazeis aqui neste caminho soturno e gelado e porque assustastes as minhas renas? Reparai bem no nariz da Rodolfo, até perdeu o brilhozinho. Szhrwexinh! (Porra em finlandês)”
A Fada Madrinha que também era antiga e, portanto, também tratava o Pai Natal por “vós”, respondeu-lhe: “Esse Rodolfo é um maricas, reparai que as renas Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Comet, Cupid, Donder e Blitze não se assustaram.”
E o Pai Natal: “Adiante! Que fazeis aqui? Não deveríeis estar com a Gata Borralheira?”
Dá uma gargalhada a Fada e diz: “Estais mesmo senil, Pai Natal, não tenho afilhada, mas afilhado. Lembrai-vos daquele miúdo que tinha um pai carpinteiro, não propriamente pai, porque não o concebeu…?”
O Pai Natal interrompe-a logo: “Szhrwexinh! Já sei, o meu concorrente, o menino Jesus.”
Gargalhando de novo, a Fada Mdrinha: “Szhrwexinh! digo eu, ainda estais mais senil do que eu pensava ou então partistes os cornos de encontro aos exaustores. O meu afilhado é o Pinóquio e já tem filhos e os filhos reclamam por não terem recebido uma PlayStation 3”.
O Pai Natal riposta: “O Pinóquio tem filhos? Mas ele não é de madeira?”
A Fada Madrinha: “Era. Foi de madeira até ser engolido pela baleia ao tentar salvar Gepetto e, por esse motivo, transformei-o em menino de carne e osso.”
Ainda atónito o Pai Natal: ”Então se sois uma bruxa tão boa que transformais bonecos de pau em gente, quiçá em Primeiros-Ministros, porque não pegais num pião dos putos e não o transformais em PlayStation?”
A Fada: “Nada disso, Pai Natal, só vos venho agradecer por não lhes terdes dado a porcaria electrónica que eles queriam, pois os chavalos são uns malcriadões que nem piões merecem…”
O Pai Natal: “Ah!... Comportaram-se mal…. Bem feito. Não precisáveis de vir apanhar frio só para me agradecerdes”.
A Fada: “Mas vim e pretendo agradecer-vos a sério...”
O Pai Natal interrompe-a: “Se me vindes agradecer com o corpo, ides ter de esperar, porque agora, com este frio, nem o pirilau do Rodolfo conseguiríeis arrebitar, além do cansaço que tenho em cima...”
A Fada Madrinha, que não queria propriamente agradecer nada, mas sentir algum calor: “Estais descansado que, tal como vós, também eu tenho muuuuuuuito tempo, não vos esqueçais que fiz, há pouco tempo, mil anos.”
O Pai Natal abriu muito os olhos e exclamou:” Mil anos?! Mas pareceis ter 28!”
A Fada esclareceu: “E tenho 28 de imagem, porque foi com essa idade que descarreguei a varinha em mim e o meu corpo, a partir daí, deixou de envelhecer. Enfim, o sonho utópico de qualquer mortal.”
O Pai Natal: “Olha que espertinha, o nabo sou eu que nunca me lembrei de fazer uma coisa dessas. Mas deixemo-nos de conversas, subi para o trenó e vamos”.
E lá foram eles até à casa do Pai Natal. Chegados lá, a Fada Madrinha, com a varinha, é claro, acendeu a lareira, preparou um banho quente e perfumado ao velhote, preparou-lhe uma boa ceia e deitou-o.
Passadas 20 horas de sono, preparou-lhe um bom pequeno-almoço, recostaram-se no velho sofá frente ao lume crepitante e perguntou: “ E agora, que desejais?” A essa questão a resposta lógica: “Um cafezinho”.
Esta é a primeira história que posto no blog sem sexo, mas agradeço que me enviem propostas para outros finais.
Desejo-vos um Bom Ano
Beijos enluarados.