segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Brinquedos da Idade Média


Quem não se lembra de ter estudado poesia medieval na escola?
Poesia Trovadoresca (Séculos XII- XIV)!
Cantigas de Amigo e de Amor!
Alguns terão também estudado Cantigas de Escárnio e Mal-Dizer.
Mas quem conheceu as verdadeiras cantigas de Mal-dizer, as que eram recitadas na corte na altura do Carnaval, que durava alguns dois meses?
Pois aqui tendes uma dessas cantigas que não estudastes, com ligeiras alterações e significados entre parêntesis para que se entenda melhor.

Nesta, o poeta ataca uma mulher, Maria Negra, que, à falta de homem, compra “vibradores” (pissas) para se satisfazer sexualmente. Mas eles não duram nada e ela empobrece por tanto dinheiro gastar em tal “instrumentação”. Burgalês, o autor, compara esses falos a cavalos submetidos a grande esforço, os quais, por esses motivo, viessem a sofrer ou a morrer de doenças. No fim temos o espectáculo da velha sandia, em terra deitada, berrando ou ganindo de cio.


Maria Negra, desventurada,
E por que quer tantas pissas comprar,
Pois lhe na mão não querem durar
E lh’assi morren à malfadada?
E num caralho grande que comprou,
Ontem ao serão o esfolou,
E outra pissa tem já amormada (estragada).

E já ela é pobre tornada,
Comprando pissas, vedes, que ventura:
Pissa que compra pouco lhe dura,
Logo que a mete na sua pousada;
Porque lhi conven que ali morre então
De tuberculose ou de cólica,
Onde, por força, fica então aguada (doença dos cavalos, por virtude de excesso trabalho).

Muit’é por aventura minguada
De tantas pissas no ano perder,
Que compra caras, pois lhe vão morrer;
E est’é pela casa molhada
Em que as mete, na estrebaria;
Pois lhe morrem, a velha sandia (louca)
Por pissas berra, em terra deitada.

Pêro Garcia Burgalês (Consta que frequentou as cortes de Afonso III e Afonso X, o Sábio, de Catela)

Bocage



Aqui temos mais um dos nossos poetas preversos e mais um dos poemas não estudados na escola. lol


Este sem vocabulário alterado



Arreitada donzela em fofo leito
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras subtis pachocho estreito:

De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branda crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito:

A voraz porra as guelras encrespando
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrando:

Como é ainda boçal perde os sentidos;
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.

Bocage

Visitantes on-line