quinta-feira, abril 17, 2008

VOANDO SOBRE UM NINHO DE CUCOS, SEM JACK NICHOLSON

Esta história não é a de Milos Forman, mas a da Lua Feiticeira e é apenas um diálogo inspirado naquele filme da minha adolescência, obra-prima do cinema, de que ainda guardo o vídeo.

Qualquer semelhança entre este texto e a realidade é pura coincidência.
A lista que se segue tem, à esquerda dos dois pontos, as personagens-tipo, à boa maneira de Gil Vicente (só falta o parvo do Auto da Barca do Inferno) e à direita dessa pontuação os actores que as representam (podem saltar essa parte, se assim o desejarem). Peço desculpa, mas não arranjei actores melhores.

Primeiro-Ministro: José Sócrates


Presidente da República: Cavaco Silva



Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações: Mário Lino



Ministra da Educação: Maria de Lurdes Rodrigues



Ministro de Estado e das Finanças: Teixeira dos Santos



Ministra da Saúde: Ana Jorge




Ministro da Economia e da Inovação: Manuel Pinho





Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: Mariano Gago



Ministro da Administração Interna: Rui Pereira





Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: Luís Amado





Ministro da Defesa Nacional: Nuno Severiano Teixeira





Ministro da Justiça: Alberto Costa






Ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional: Francisco Nunes Correia




Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas: Jaime Silva





Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social: José Vieira da Silva





Ministro da Cultura: José António Pinto Ribeiro




Ministro da Presidência: Pedro Silva Pereira

(As fotos não são minhas porque não as queria nem para colocar no acúcareiro)

A estória propriamente dita:

Os telescópios registaram imagens dum planeta fora do nosso sistema solar, planeta esse maior do que Júpiter e que orbita a estrela GQ Lupi. Ainda não tem nome, espero que o baptizem ou batizem, que isto, enquanto não determinarem a data em que devemos começar a escrever segundo o novo acordo ortográfico, provoca assim uma espécie de gaguez na escrita de quem não quer cometer erros (esta boca não é nova propositadamente).
Bem, os gajos do tal planeta não gostaram dos voyeures terrestres e vai daí que enviam uma nave até ao nosso planeta, qual Guerra das Estrelas, mas por causa dum tornado qualquer de nome feminino, sei lá porque não hão-de ter também nomes de homens, veio bater no Terreiro do Paço, provocando a curiosidade dos portugueses que se viram perante um acidente e, desta vez, não provocando filas de trânsito para o ver, provocaram tumultos humanos ainda maiores. Os extra-terrestres cagaram-se para o assunto e desataram a investigar o povo de brandos costumes, pois armas de fogo não surgiram, visto a GNR ter partido para o Iraque, a Polícia estar entretida com as multas e os militares em revolta por quererem mais um subsídio visto terem de andar sempre de verde e o Sporting não lhes dar vitórias.
Bem, isto não é um livro e tenho bloguistas habitués que reclamam pelo tamanho dos meus posts, por isso vou abreviar: os ETs, sem dedos compridos, investigaram, durante pouquíssimo tempo, os seres que habitavam o local onde tinha caído a sua caranguejola e concluíram (quem não o concluiria?) que nós precisávamos duma ajudinha e vai daí que torna o povo de brandos costumes em povo de costumes do caraças que, em 3 tempos, arrumaram os grandes da Assembleia da República num armazém branco com muitos comprimidos para a cabeça.

E é nesse local que se passa este diálogo (desta vez apresento-vos um texto dramático e não narrativo).


Primeiro-Ministro: - O que é que nós fizemos de mal? Do que é que os portugueses não gostaram que tivéssemos feito para nos enclausurarem aqui? Eu, de repente, não me lembro de nenhuma lei injusta…
Presidente da República: - Pois eu ainda menos, nem como presidente, nem como ministro, sim porque eu também tive o teu cargo, ó Sócrates…
Ministro das Obras Públicas: Sim, olhem para a obra que eu deixei: tirei a Margem Sul do deserto, prometi-lhes um aeroporto quando eles mo pediram, ainda não o têm, mas pelo menos já constroem lá casinhas para ficarem mais perto dos aviões que os levarão para a emigração.
Ministra da Educação: - Olha que grande coisa, e eu que transmiti a sabedoria dos Clássicos aos professores, pois todos eles conseguiram sentir, na pele, o trabalho de Penélope enquanto tricotava a sua colcha. Fiz com que os docentes ora produzissem fichas de avaliação, ora as desfizessem; num dia construíam fichas de auto-avaliação, no outro, rasgavam-nas; se em Fevereiro pensavam em registos de avaliação, em Março cuspiam-nos. E, além disso, fui eu que lhes dei a maior festa, consegui juntar 100 000 em Lisboa para enorme cavaqueira, alguns há muito que não passeavam na capital… Haverá algum que me aponte o dedo?
Ministro das Finanças: - Sim, querida, realmente não percebo, pois não só os levaste a esse saber-fazer-e-desfazer, como ainda me ajudaste a mim e às finanças, deixando tantos no desemprego, fazendo encher os cofres do estado com os impostos dos contribuintes. Mas e eu? Eu não fiz nada? Eu que até impostos fui buscar aos casamentos em refeitórios das tuas escolas? Quem conseguiu mais impostos do que eu para melhorar o país que tanto precisava?
Ministra da Saúde: - Calma aí, Teixeira, que eu e o meu antecessor também demos uma ajudinha… se pensares bem na quantidade de velhos a receber pensões… percebes que nada como lhes tirar os SAPs, centros de saúde, Hospitais e aumentar medicamentos e tempo de espera para consultas para termos uma população mais jovem e assim menos pensões a pagar.
Ministro das Finanças: - (atirando um beijo à Ana Jorge) És uma santa! Que seria do país sem ti?
Ministro da Economia e da Inovação: - Tendes razão, eu é que fui um bruto em ter espalhado Alta Tecnologia pelo país, bem que podíamos ter guardado o dinheiro dos PCs portáteis…
Ministra da Educação: - Cala-te, animal, os portáteis que demos aos ingratos dos professores e aos imbecis dos putos reverteram muito dinheiro a favor dos cofres do Estado, esqueces-te do dinheiro que ficámos a receber graças aos gastos em INTERNET.
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: - Boa, Lurdinhas, o que não investimos na Ciência???? Investimos em excelentes laboratórios de investigação, com certeza, eu não me lembro quais, mas os extra-terrestres aperceberam-se disso, caso contrário não estariam cá.
Ministro da Administração Interna: - A culpa de tudo isto é dos funcionários públicos, eu bem quis despedi-los, mas doeu-me o coração, sou um homem sensível demais, é o que é.
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: Deixa lá, eles hão-de emigrar, eu sempre criei boas relações com o estrangeiro para que os aceitassem, pena é que tivessem entrado tantos imigrantes, mas dava tanto trabalho e despesa ao Estado deportá-los…
Ministro da Defesa Nacional: - Pois, eu devia ter seguido os conselhos do Paulo Portas e tê-los enviado para o país deles, discretamente, de submarino, mas como isso dava muita despesa e as reformas dos nossos avós militares ficavam em causa…
Ministro da Justiça (virando-se para o M Defesa Nacional): - Foste justo, tal como eu que sou tão justo, tão justo que evito sempre que se pronunciem penas à pressa. Mas, claro, o povo é ignorante e acha que a Justiça portuguesa é demorada porque se trabalha devagar e desorganizadamente, não percebem que é preciso tempo para análise, tempo para investigar, tempo para os processos andarem de mão em mão e em muitas mãos, tempo para reflexão…
Ministro do Ambiente: - Tens toda a razão, amigo Costa, (virando-se para o Primeiro Ministro), lembras-te daquele projecto que continha uma estrada a passar perto da Costa da Caparica que tu chumbaste?
Primeiro-Ministro: - Acho que me lembro, parece-me que a Quercus reclamou por ser área protegida…
Ministro do Ambiente: - Pois, essa mesma, vê lá que descobri que a dita área protegida era uma mata que metia medo, aprovei eu o projecto. E os ignorantes ai e tal, a mata dos medos, ora porra!, então têm medo e não querem lá uma estrada que os faça passar em segurança?…
Ministro da Agricultura e das Pescas: É sempre assim, nós a cuidarmos das pessoas, no meu caso, a poupar agricultores e pescadores, não os forçando muito a trabalhar, sabem bem que não há nada que não importemos e eles a reclamar…
Todos: É verdade… é verdade… (qual coro grego nas tragédias gregas)
Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social: - É verdade, sim senhora, alguém aumentou mais o desemprego que nós, para que o povinho não se cansasse? Até pagávamos, graças ao nosso amigo Guterres que anda lá pelo estrangeiro, a pobrezinhos que não trabalhavam, podíamos tê-los posto a varrer ruas, a limpar paredes, a produzir… fizemos isso ? Não, simplesmente lhe dávamos um rendimentozinho para viverem sem terem de se esforçar.
Todos: - Que injustiça! São todos tão injustos para nós!
Primeiro-Ministro: - Só faltas tu, Zé Ribeiro, ainda és novato nestas coisas, mas o que estavas a pensar fazer em bem da Nação?
Ministro da Cultura: - Ora, como diziam os romanos: mens sana in corpore sano. Esperava que todos ficassem sãos fisicamente para lhes dar depois saúde mental.
Todos: Muito bem! Bela ideia!
Ministro da Presidência: - Pronto, já percebi porque estamos aqui! Nós somos uns santos, talvez os portugueses nos tenham colocado neste local por muito pouco tempo, só o suficiente para chegar o Papa e nos canonizar.
Ministra da Saúde: - E agora, enquanto esperamos, o que vamos fazer?
Ministro da Cultura: - Talvez, como diria o homem dos óculos escuros, não me lembro do nome, talvez foder.
Ministra da Saúde: - Calma aí, que as quotas ainda não entraram em vigor e somos só duas mulheres…
Ministra da Educação: - Que é que isso tem? Já fodi muitos mais!

Beijos e espero que reconheçam que este foi o maior post sobre sexo que já escrevi. É que estamos todos fodidos.


P.S.: Desta vez atribuo um prémio a quem faça chegar o texto às mãos dos actores, é que eles precisam de ir decorando os seus papéis na peça.

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