segunda-feira, janeiro 14, 2008

MONTEPIO (Isto não é publicidade)


Neste último fim-de-semana, fui ver os ENA PÁ 2000, na Festa de Comemoração do segundo aniversário do Cabaret Maxime. Ora, os temas das canções dos ENA PÁ ou dos Irmãos Catita, tanto faz, recordaram-me um poema barroco que aqui vos deixo para que compreendam onde me inspirei para mais um dos meus textos que, tal como os outros, trata de futilidades, assim como os escritores dos séculos XVII, XVIII. E, obviamente, não vou deixar aqui nenhuma reflexão sobre o fútil do Barroco, nem sobre o espectáculo a que assisti.

Encontrei esta quadra barroca, assim como a sua introdução, num Dicionário de Termos Literários como ilustração da poesia barroca.


John Donne, notando que a sua amada se dispunha a matar uma pulga que tinha sugado sangue dele e dela, escreveu:

Pára, e 3 vidas poupa nessa pulga,
Em que quase mais somos que casados.
Pulga que és tu, mais eu, e nosso leito
De amor, também, e o Templo onde casámos.

É um mimo, não é?
Pois aqui vai este mesmo argumento tratado no Século XXI, em Portugal, e a duas vozes. Leva também introdução, pois então.

Ela era loura ou porque o teu tetravô fora um soldado das invasões napoleónicas que, ao passar pelo Alentejo, violara a sua tetravó (1), ou então tinha os cabelos dessa cor por obra da Graciete, a cabeleireira emigrante lá da terra.
Ele era um cabo-verdiano já nascido no Alentejo por causa das obras da Barragem do Alqueva.
Aproveitaram uma excursão de velhos e foram até Lisboa, viram os Jerónimos, o CCB e não quiseram ir almoçar à Casa do Alentejo, a fome apertava, ficaram-se pelo MacDonald de Belém.

Ele: - Marilu…
Ela: - Não, não te deixo ir-me ao cu, porque tou de caganêra, além disso, chamo-me Joana.
Ele: - Então, Joana, agarra-m’a banana.
Ela: - Agora não, vou comer o meu hamburger com ketchupi.
Ele: - Queres kê te chupi? Garganêra…
Ela: - Ah! Punheta, que me picou uma pulga.
Ele: - Tamém a mim. Sabes o que significa isso na terra dos mês pais?
Ela: - Nã, diz lá!
Ele: - Que vais ter d’ajoelhar.
Ela: - Mas aqui? O chão tá todo cágado.
Ele: - Não, porra, em casa.
Ela: - Adonde? Na tua ou na minha?



(1) Acho que já vi qualquer coisa assim num livro do Saramago, deixo a nota para que não me acusem de plágio.

Bêjos mordidos

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