quarta-feira, julho 02, 2008

A HISTÓRIA DA CAROCHINHA


Era uma vez uma jovem acabada de entrar na casa dos 20, que se chamava Bárbara. Tinha o cabelo tão negro e tão liso que olhando para a sua cabeça, por trás, mais parecia uma carocha, daí a alcunha, criada ainda em pequena de Carochinha. E era assim que ela se identificava, era, portanto, conhecida como Carochinha.
Filha de mãe rica, herdeira até dum solar no Minho, casara, malgrado os seus pais, com um assalariado, mas ambicioso jovem de Trás-os-Montes. Este duplicara a fortuna da esposa, logo tornando-se um genro querido, mas exigente com a filha, castigava-a quando necessário.

Carochinha ou era burra ou preguiçosa, pois chumbava, pela terceira vez, no 12º ano, no Colégio Moderno. Nem a Mariazinha a salvara.

Estava a menina de castigo, fazendo as férias duma das criadas da casa quando encontrou um dos cartões de crédito do pai. Era burra, mas sabia que gastando pouco não seria apanhada. Assim, enclausurada, foi à INTERNET e encomendou à Fátima Lopes um vestido e uns sapatinhos ao Augustus.

Logrou um plano: teria que sair daquela casa, pois tirar um curso na Independente o pai não deixava e noutra Universidade não ousava, ser gestora numa das fábricas de lanifícios do pai também estava fora de questão, pois este já lhe tinha dito que não fazia contratos por cunhas, logo teria de arranjar um marido rico.

Esperou por um sábado em que havia uma Rave no Lux, festa que iria estar cheia de betos, um deles faria cair que nem ratinho.

Chegou o fatídico dia, esperou que a casa adormecesse, vestiu-se, calçou-se, maquilhou-se, perfumou-se e marcou o código de alarme. Fora da vista de qualquer janela do palacete de Cascais, chamou um táxi e ála que se faz tarde.

No Lux, junto das amigas, iniciou o seu jogo de ataque: topava um gajo que lhe interessasse, fixava-lhe o olhar até ele se virar para ela e, nesse momento, fixava-o uns segundos, pensando: “Quem quer casar com a Carochinha que é tão linda e engraçadinha?”, virava, logo de seguida, os olhos para uma das suas amigas como se não se tivesse apercebido de nada. Com esse jogo mostrava interesse, mas, ao mesmo tempo, fazia-se de inocente. E os tios caíam, ai! se caíam... O primeiro que se dirigiu a ela com a conversa típica: “conheço-te de algum lado…”, ora porra, tinha uma voz tão fininha, como é que o transmontano do pai ia aceitar um gajo que cada vez que abria a boca parecia mais um gay?... Respondeu-lhe que não a conhecia de certeza, porque era a primeira vez que estava em Lisboa e disse-o com o sotaque minhoto da mãe para que ele não tivesse dúvidas.

Mas a noite ainda era uma criança e nova investida ocular da Carochinha teve como consequência um gajo que parecia ter todos os pontos nos is, Conversa vai, conversa vem, ele até morava na linha (olha que espanto!) e o pai até era conhecido no mundo dos negócios (espantados de novo), dança vai, dança vem e eles já embrulhados no terraço. Parecia que o Bernardo estava excitado nos braços de Carochinha, tanto que esta resolveu enfiar-lhe uma mão, discretamente, pelas calças adentro e eis que a mão desce, desce, até sentir a borbulhinha. Que se fodesse o pai, com aquela coisinha é que ela não iria casar.

E nova viagem, nova corrida, o carrocel inicia, de novo, a sua viagem. Comprem já os seus bilhetes! Carochinha volta atacar com o seu olhar à matadora e no seu pensamento: “Quem quer casar com a Carochinha que é tão linda e engraçadinha?” Os copos bebidos já eram muitos, por isso não perdeu muito tempo a encontrar o João. João era o jovem perfeito para si e para o seu pai. Levou-a no seu MBW descapotável a casa e o namoro vingou. Foi apresentado aos pais, foi apresentada aos futuros sogros, as famílias até já se conheciam (terceiro espanto).

Casaram, João era um pouco despistado, mas comportou-se bem no casamento, na primeira noite de casados, mas na lua de mel… Iam num cruzeiro pelo Mediterrâneo fora, dormindo, pouco, no barco. João lambia-lhe a rata com gula, espetava-lhe o pau como ela gostava. João estava sempre pronto para a brincadeira. João parecia um rato na cama. De dia, saíam para fazer visitas. Quando aportaram em Roma, João quis voltar ao navio, porque se tinha esquecido do tabaco. Carochinha ainda lhe disse que compravam outro maço, mas o marido insistiu e lá foi. Qual tabaco, qual quê, ele estava era com fome, pois não tivera tempo para tomar o pequeno-almoço e a noite deixara-o faminto. Foi direito à cozinha ver se ainda arranjava uns restos. Encontrara muitos, mas enquanto engolia uns apressadamente e enchia as mãos com outros para os deglutir até chegar perto de Carochinha, avista uma empregada do barco a lavar o soalho. Era boa como o milho. Ver aquele rabo, de saia curta, a dar, a dar… Engasgou-se! Engasgou-se com um pastel, asfixiando. Perante os grunhidos, a criada levantou-se, apercebeu-se do que se passava e colocou-se por trás de João, colocando-lhe o corpo em L e apertando-lhe o estômago. Porém, não foi a tempo e Carochinha acabou por ficar sem o seu João Ratão, chorando:

Ai! o meu João que fodia que nem um ratão,
Morreu asfixiado com um pastelão.
Ai! O meu rico João Ratão,
Morreu apertado por um mulherão!


Beijos pouco empastelados da LuaFeiticeira

Visitantes on-line