quarta-feira, maio 16, 2007

AS SETE BANCAS DE NEVE

Era uma vez um Anão que tinha a mania que era um garanhão e, um dia, à beira da piscina, olhando para a sua imagem na água reflectida, perguntou: “Piscina minha, piscina minha, quem tem uma piloca maior que a minha?” ao que a água respondeu: “É O PRÍNCIPE…”. Logo o Anão, que tinha uma varinha à mão (e a feiticeira sou eu!), fez com que, num ápice, toda a água se sumisse, ficando alguns cromos a “nadar” em seco.
Zangado com a resposta, o Anão pediu a um dos seus piores capangas que matasse o malfadado Príncipe. Mas este, ou porque se comoveu ou por não gostar do anão que lhe fazia lembrar o Ganda Nóias, limitou-se a abandonar o lindo Príncipe na floresta. E lá foi o Príncipe caminhando por meio de caminhos virgens, irritado por não ter levado a espingarda de caça. Após alguns quilómetros, que já lhe tinham estragado o trabalho exímio da sua pedicura, encontrou uma casa mui sui generis, assim como que construída na base duma gigantesca sequóia. Feliz por encontrar algo feito por mão humana, correu, coxeando, a bater à porta que logo se abriu, não por ter gente em casa, mas por não se encontrar trancada. Atónito e curioso, entrou, gritando: “Oh! da casa!”. Rapidamente se certificou que estava vazia de gente e cheia de tralha e quanta tralha! E mobília? Sofás e cadeiras por toda a sala. Na cozinha parecia que nada faltava, nem sequer o primor que só mãos femininas podiam produzir. O frigorífico cheio. Boa! A fome lentamente foi satisfeita, lentamente porque era tudo muito light. Porra! Nem um presuntinho ou um chouricinho! Um só quarto? Um quarto com sete camas de solteiro? Para quê continuar a massacrar a sua cabecinha ainda com tanto gel a tentar perceber que casa era aquela? Deitou-se numa das camas e logo adormeceu. Quanto tempo passou não soube, até porque relógio não usava, o que soube é que do seu sagrado sono foi desperto por altos decibéis de sons muito agudos.
Sentiu entrar um monte de mulheres, mas continuou deitadito, fingindo dormir. Os barulhos não se aproximaram do quarto, ficaram em qualquer outra divisão da casa. “A curiosidade matou o gato, mas eu sou um gatão, vou espreitar sorrateiramente” – se assim pensou o Príncipe, melhor o fez, pois foi rastejando qual cobra, qual militar em Mafra fazendo recruta, até ficar completamente deitado, espreitando por uma porta que dava acesso à sala, mas com visibilidade para a entrada da casa de banho, e digo entrada, porque a porta estava escancarada.
A visão era vertiginosa, fê-lo sentir-se dentro duma revista da Playboy, isto se ele conseguisse ter pensamentos tão elaborados.
Por baixo de vários duches, como nos balneários colectivos do Colégio Inglês onde tinha estudado durante 20 anos, até ao nono ano, portanto, lavavam-se as mais belas jovens que alguma vez tinha visto. De costas para ele, uma bela Ruiva, com umas sardas pequeninas (pareceu-lhe pelo tom dourado), lavava os pés e as pernas… tinha um rabo que parecia um coração. O que lavou mais não soube, porque logo os seus olhos, qual câmara de filmar, se deslocaram para a Morena que, de frente para ele, colocava champô nos seus cabelos castanhos, fazendo com que os seus belos, rijos e carnudos seios ainda se endireitassem mais. Com o corpo já um pouco de lado para não magoar aquele que já sabemos ser um belo membro viril, começou, então, a contemplar uma Indiana de cabelos negros e tão compridos que conseguiam tapar-lhe o rego, junção dumas nádegas que só podiam deixá-lo ainda mais de lado.
Mas ainda não foi neste momento de sonho que o nosso príncipe pôde ver todas as proprietárias das sete camas, pois, de repente, viu uma das beldades, uma Loura de fazer parar o trânsito, se este pela floresta passasse, sair do WC enrolada num toalhão e ele, mais rápido que Lucky Luke, depressa se voltou a deitar e a fingir que dormia, simulando até alguns roncos.
A Loura, que até era bastante loura, assim que o viu, não só deixou cair a toalha, como gritou: “Um homem? Isto é um homem? Isto é um homem?” O príncipe, aos gritos ou à pergunta estúpida, não ligou, mas o barulhinho que o toalhão de banho fez quando caiu, obrigou-o a abrir um olho para poder confirmar se as louras também têm a pintelheira loura ou não. E lá se foi a simulação, de toda forma já muitos toalhões tinham caído e a chinfrineira era ensurdecedora. Tinha assim terminado a banhoca diária das Brancas de Neve, após o trabalho duro e sujo nas minas.
A Nipónica, que de pequenos só tinha os pés, vai-se lá saber porquê, em segundos recolheu as toalhas e tapou as suas seis amigas, terminando na mais escultural, uma mulata cabo-verdiana de olhos verdes que, como quase todas as outras, de Banca de Neve só tinha o apelido que o pai adoptivo lhes tinha deixado.
O diálogo que se seguiu não ficou aqui gravado, porque as conversas atropelavam-se e a secretária achou que o melhor era dizer que se tinha estragado a fita nesse momento. O jantar foi filmado, mas como demorou bastante e o vinho tolhou o camaraman, achou por bem não apresentar uma imagem desfocada.
No final, o príncipe perguntou onde dormiria e sete imitadoras da “Fuga das Galinhas” gritaram: “Aqui!”, “Comigo!”, “Na minha cama!”, “ Eu sou maneirinha!”, “A minha cama é a maior!”. Tentou-se tirar à sorte, mas os dados apresentavam-se sempre viciados e foi, então, que o Príncipe que, às vezes, tinha uns laivos de inteligência, fez um calendário, ficando registado que nessa noite dormiria com a mais velha, a Indiana (ele ainda não tinha experimentado uma oriental); que no dia seguinte dormiria com a Nipónica (também por ser estrangeira e por lhe parecer que era boa em contorcionismo), que na segunda-feira dormiria com a Loura (para descansar, visto ter uma boa boca); que às terças-feiras deitar-se-ia na cama da Mulata (no reino dele havia muita xenofobia e as negras eram impedidas de entrar na corte); quarta-feira seria dia de ter perto de si uma Ruiva; no dia a seguir uma Morena seria uma beleza, aliás esta parecia respirar sexo pelos poros; véspera de fim-de-semana terminaria nos braços daquela que tinha Madeixas no cabelo e que, portanto, ele não sabia bem qual a cor de origem do mesmo, no entanto, parecia-lhe que tinhas as melhores mamas do grupo.
Dizer que este calendário foi religiosamente cumprido seria ir contra um dos 10 Mandamentos, o da mentira, pois ainda na primeira noite todas as camas se uniram e, felizmente, era sábado, véspera de dia santo nas minas. Valeu ao Príncipe o soninho que fizera antes da chegada daquelas que tanto tinham desenvolvido os músculos e os pulmões em trabalhos duros. Graças aos gnomos que não havia humanos por perto. E os animais? Esses foram queixar-se ao mocho da barulheira que não os deixava dormir.
Sete mulheres, sete aviões, sete quecas divinais, se é que o Divino tinha previsto esta cena ao criar as macieiras.
Finalmente chegou a segunda-feira. As sete Bancas de Neve a labutar nas minas e o nosso herói, sentado no poial da casa, limava as unhas com uma fava da cozinha enquanto os seus pensamentos vagueavam em retrospectiva pelas últimas 48 horas. Recordava-se que tinha confirmado que, afinal, as japonesas não tinham a passarinha atravessada, como lhe haviam vendido, e que até sabia muito bem. Aliás, soube-lhe melhor ainda depois da troca feita com a Morena que o substituiu, cavalgando nele que nem uma Alazona, simultaneamente chupando a Nipónica que se tinha colocado de pé e de pernas abertas, a jeito que fosse ela a fazê-la vir na sua boca. E, louca como era, a seguir beijou-o na boca, deixando-lhe o gostinho da outra. Mas os pensamentos davam saltos temporais e por isso as cenas atacavam-lhe os miolos sem ordem alguma. Ai! as mamas da Madeixas como eram tão gostosas… A “espanholada” que ela lhe tinha feito só se podia comparar ao broche da Loura. E aquele botão de rosa da Indiana? Aquilo é que tinha sido uma verdadeira novidade para ele! Por falar em ânus, tão depressa não se esqueceria do cu da Mulata, que cu tão apertadinho…
Mas às vezes nem os pensamentos podem correr em liberdade, pois longe dali já o Anão tinha questionado de novo a piscina que lhe revelou o estado vivo em que se encontrava o Príncipe. Desta vez, porém, decidiu-se o frustrado Anão a tratar, com as suas próprias mãos, do seu adversário e daí que se tenha disfarçado de velhinho e ido ao seu encontro. O homem das 7 mulheres quase cortou um dedo quando ouviu a voz do velho que se tinha aproximado muito sorrateiramente: “Compre este último Bolicau a um pobre velhinho que precisa alimentar os seus netinhos…” Murchou de repente o Príncipe que logo comprou o Bolicau e, sem pensar no insólito da situação, considerando que o chocolate lhe daria energia, em três dentadas o devorou. Mal acabou de engolir aquelas milhentas calorias condensadas, procurou com os olhos o velho, que já desaparecera, no entanto, nem teve tempo para estranhar o facto, pois sentiu nos dedos o pacotinho da tatuagem. Iupiiiii, um Super-Homem! Ai! O que foi o Príncipe fazer? Era no calquite que estava o horrível veneno.
O nosso garanhão, mal acabou de colocar a tatoo no antebraço, caiu redondo no chão.
Chegaram as boazonas e, vendo o estado do seu Príncipe, berraram e choraram que nem uma aldeia minhota de carpideiras. Colocaram-no despido num caixão de vidro para poderem contemplar a sua beleza. E choravam… Até que num dia invernoso, uma Anã pediu-lhes guarida. Era verdadeiramente horripilante, vesga, um olho de cada cor, tinha uma enorme verruga na ponta do nariz, tão grande este que quase tapava um buço que mais parecia um bigode, dentes só molares e caninos…
A Anã, mal entrou na casa das Brancas de Neve, viu o Príncipe. Apaixonou-se. Amor à primeira vista, coup de foudre, como dizem os franceses. Sem que as Belas tivessem tempo de reagir, abriu o caixão e beijou o nosso Príncipe. O Príncipe delas. Este acordou. Paixão mútua.
Casaram e foram felizes para sempre!

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